Fashion Week e a França

Publicado em 1 de julho de 2009

Nossos estilistas vão exportar alegria em forma de vestidos exclusivos, energia solar em forma de roupa, vamos vender bossa nova em estampas de biquínis.

O ano da França no Brasil é um bom momento para uma reflexão sobre o papel da moda na economia do país, a França é o berço da moda como a conhecemos hoje, também da gastronomia, enologia, artes plásticas e outras centenas de manifestações culturais pelas quais a França é reconhecida e admirada.

Com uma renda per capita 8 vezes maior que a nossa, a França possui uma economia voltada para exportar cultura e o talento de seu povo, 1 litro de Chanel n.5 de lá pode comprar 80 toneladas de cana de açúcar de cá, este é o verdadeiro significado da expressão “agregar valor”: Trocar um mar de commodities por algumas gotas de arte.

Deste ponto de vista, é que a moda deixou de ser uma questão de vaidade pessoal para ser respeitada como uma indústria forte que traz divisas e empregos para brasileiros aqui e no exterior, mas estamos falando daquela moda com M maiúsculo, que não copia modelos e não paga royaltes internacionais, a moda que expressa nossos valores e explora a imagem positiva do Brasil, dos nossos estilistas para o mercado interno e para exportação.

O grande palco destes criadores profissionais são os grandes eventos de moda como o São Paulo Fashion Week e o Rio Fashion, estes eventos unificados sob a administração de Paulo Borges, mostram que além da paixão, agora temos foco em resultados internacionais.

Um grupo de investidores cariocas, desde abril de 2009, é responsável pela profissionalização destes eventos de moda em São Paulo e Rio de Janeiro, e também incluíram em seus portfólios as marcas Ellus, 2nd Floor, Isabela Capeto e Alexandre Herchcovitch, marcas que possuem algo em comum, elas expressam o lifestyle brasileiro lá fora, exportam o nosso jeito vivo de ser, criativo e alegre, imagine o sucesso que estes atributos coloridos podem ter em terras frias e nubladas! Estamos exportando energia solar em forma de roupa, vamos vender bossa nova em estampas de biquínis.

Uma pessoa como a diva Bethy Lagardère, a grande homenageada deste São Paulo Fashion Week, é nossa verdadeira embaixatriz lá fora, fez mais pela moda do Brasil na França em 30 anos, que séculos de relações diplomáticas oficiais, uma mulher com sua elegância divulga nossa cultura com mais efetividade que milhares de anúncios em revistas ou jornais de Paris.

Agora é a hora de termos orgulho verdadeiro das nossas riquezas, unindo nossa capacidade industrial com nossa criatividade, no lugar da madeira, vamos vender hidratantes com sementes da Amazônia, nossos estilistas vão exportar alegria em forma de vestidos exclusivos, é hora de exigir respeito para a indústria da moda no lugar da frivolidade com que muitos burocratas encaram estas riquezas culturais!

Na edição Verão 2010, o SPFW contou com o apoio da Federação Francesa de Alta-Costura, do Prêt-à-Porter dos Costureiros e dos Criadores de Moda, da França.Br 2009 e da Ubifrance – Missão Econômica.

Claudio Vaz – Personal Stylist


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